Ensaiei a introdução
desse post algumas vezes, reescrevi a primeira linha quatro e respirei fundo
umas duas, porque? Porque quando a gente recebe carinho de pessoas que a gente
admira muito fica assim, meio boba, meio anestesiada, meio besta. Especialmente
se o carinho vem embrulhado em generosidade e inspiração... O Gato está passando
por algumas mudanças estruturais que só farão bem a ele, a mim e a você, que
sei bem vez em quando vem passear por aqui. E grande parte dessas mudanças é
uma resposta minha ao retorno que tenho recebido não em números, mas em
palavras. E essas não tem muito como medir em tabelas e gráficos.
Pensar mulheres e em
mulheres é parte do que eu faço por aqui, especialmente as que me inspiram como
pessoas e como profissionais, embora a ideia central do Gato seja conversar com
o cotidiano e deixá-lo mais criativo, gostoso, bonito. E a mulher-escritora com quem eu
conversei por e-mail me cedeu essa conversa - cotidiana - com a maior receptividade e
simplicidade do mundo! Leonina confessa (e escrita!), administradora bem sucedida, há
dez anos resolveu abraçar o mundo com seus textos e mostrá-lo pra gente desse
jeito. Desde então publicou 4 livros, o ItGirls
(“atualmente na 4a tiragem”), cujo blog (clique aqui) mudou o cenário cibernético
nacional no quesito inspiração e universo feminino, Coisas que só uma mulher entende, Emprego dos Sonhos e Guia NY para
principiantes, esses três em formato e-book.
A carioca Alessandra Garattoni,
ou Ale como ela prefere (colocar-se pelo apelido é tão aproximador, não acham?), é um daqueles exemplos
inspiradores das multifaces e multi-desejos que as mulheres, hoje, expressam e
vivenciam, se desdobrando em mil tarefas diferentes sem nunca se deixar de
lado, como acessório. Ale tem um toque suave com as palavras, mesmo quando faz
críticas ou nos chama atenção, sabe como poucas comunicar o feminino sem cair
nos clichês e estereótipos de revista, mesmo que faça uso deles nas suas falas
e inspirações. Aliás, seu inspirar o cotidiano foi o que me levou até ela. Sempre
que ela atualiza o status na sua página do Facebook eu leio feliz, porque leio (quase sempre) alguém que, mesmo sem me
conhecer, sem eu jamais ter visto, ecoa pensamentos tão semelhantes aos meus e fala coisas super positivas e honestas.
Nesse bate-papo cibernético,
Ale me contou um pouco sobre suas inspirações, seu cotidiano, seu trabalho
criativo, blogs (e blogueiras) e, claro, it girls! Inspirem-se!
Ale, não tem como
começar um papo com você sem falar sobre ‘it assuntos’ e isso significa falar
sobre inspirações! Há alguns anos você disse em entrevista que um dos motivos
que te levou à criação do blog It Girls lá em fins de 2007 foi sua vontade de
ler coisas que ninguém escrevia naquele momento. Hoje, seis anos depois, alguns
livros depois, algumas (super!) conquistas depois, o que te inspira na sua
escrita? Que ‘coisas’ te dão aquela ‘coceirinha criativa’?
É o maior clichê do
mundo, mas a verdade é que TUDO me inspira! Eu sou muito curiosa e muito
observadora, então passo 100% do meu dia absorvendo coisas de modo a depurá-las
e transformá-las em possíveis inspirações. Coisas bonitas, gente inteligente,
assuntos interessantes, tudo isso me dá uma coceirinha criativa, sempre!
Falando nisso, como é
sua rotina de trabalho? Você tem algum ritual ou algo especial que faz antes de
escrever ou não tem lá muito segredo nisso?
Não tenho
nenhuma rotina, mas isso é algo que eu pretendo mudar em breve! Não por ser
exatamente uma fã da rotina, não sou, mas acredito que é preciso ter uma mínima
programação fixa de tempo para que a produtividade flua de maneira
satisfatória. Tenho uma bebê de 9 1/2 meses e desde o nascimento dela, ela é
minha prioridade! Como optei por não ter babá, não consigo ter horários muito
definidos para as minhas próprias atividades – conto com a ajuda das vovós e do
papai para cuidar da minha pequena, mas meus horários é que precisam se ajustar
aos deles, então cada dia é um dia! Quando ela entrar na pré-escolinha, no meio
do ano, quero dedicar minhas tardes ao meu trabalho. Mas isso é para a produção
em si, digamos assim. Para as ideias, os rascunhos, isso não tem hora! Tenho arquivos
no Notes do meu celular que vou alimentando 24 horas por dia, a cada ideia que
tenho!
Um escritor, por mais
abrangente que seja, sempre pensa num leitor ideal, que muitas vezes acaba
sendo ele mesmo ou um ‘tipo’ com o qual ele divida interesses e vontades.
Quando você escreve você ainda se tem como leitora ideal (eu suspeito que sim
pela leveza e honestidade dos seus textos) ou você consegue visualizar (também)
seus leitores no sentido de encontrar temas que sejam interessantes a eles?
Aliás, você acha que seus leitores ainda são na maioria meninas-mulheres ou
essa coisa de gênero já foi equilibrada e você também recebe feedback de
meninos-homens?
Já tem bastante
tempo que escrevo, estreei meu primeiro blog em 2004 e desde então nunca deixei
de publicar. Mas tenho em mente que quanto mais se pensa que alguém vai ler o
que você escreveu, mais você bloqueia sua real criatividade. Tento e me policio
ao máximo para continuar como aquela iniciante, que escrevia para meia dúzia de
pessoas e sempre "esqueço" que alguém vai de fato ler meus livros,
minhas matérias em revistas e meus posts. Mas com o tempo aprendi também que,
quando se escreve para um público minimamente grande, é preciso ter a
responsabilidade redobrada. Não dá pra entrar naquele ditado que diz "sou
responsável pelo que eu digo, não pelo que você entende". Sou responsável,
SIM, pelo que as pessoas podem vir a entender! E nem sempre interpretação de
texto é um forte de todo mundo que te lê. Então tento ser mais cuidadosa a cada
texto e sempre tento antecipar todo e qualquer possível mal entendido, toda e
qualquer possibilidade de má interpretação. Quanto mais claro e detalhado um
texto, no sentido de já rebater antes o mal entendido que poderá nascer, melhor
para o autor, melhor para os leitores!
[Eu, Gabi, preciso só dizer o quanto essa resposta me deixou feliz! Responsabilidade sobre o que se escreve é fundamental não só por respeito ao público, mas a si mesmo!]
Trazer pra um espaço
de diálogo, que no fundo é o que são os blogs, a ideia da ‘it girl’ foi um
passo quase mágico dentro das plataformas digitais brasileiras lá em 2007,
porque isso de certa forma democratizou o encantamento e a inspiração que as ‘it
girls’ podem oferecer seja como for. O tempo passou e muita coisa mudou desde
então, especialmente com o ‘boom de blogs’ e a ideia de que ser ‘blogueira’
deixou de ser sinônimo de ‘ter um hobby’ pra se tornar profissão, o que muitas
fazem muitíssimo bem! (aqui acho que você concorda comigo, não?) Você diria que
por trás de toda blogueira existe uma ‘it girl’ ou a vontade de se tornar/ser
uma? Pensando em blogueiras, porque você acha que existe esse encantamento ou
desejo tão grande de se colocar num blog e mostrar pro mundo seu jeito de
enxergá-lo?
Desde que o
mundo é mundo, qualquer profissão ou área que viva um boom positivo com alguns
exemplos muito bem-sucedidos atrai atenção e desejo. Eu sou de uma geração na
qual o sonho das meninas era ser paquita – e eu, no auge da minha maturidade
dos nove anos, chorava por não ser loira como as paquitas!! A pauta da vez é o
blog, é como meia dúzia de meninas conseguiu transformar – com um enorme e
indiscutível mérito próprio – esse mercado em algo, de fato, milionário. O
encantamento é normal, mas é passageiro. Como em qualquer mercado, pouquíssimas
chegam ao tal topo. E com a rapidez dos tempos atuais, logo, logo, teremos uma
nova área-desejo! Por trás de 90% das blogueiras atuais existe, sim, o sonho de
ser uma it girl que tem ganhos na casa de seis dígitos/mês. Mas é um sonho
irreal pra maioria, infelizmente. Mas há também os outros 10%, que escrevem por
real paixão, por real vocação. Esses sempre vão existir. Me encaixo aí: com ou
sem retorno financeiro, não consigo parar de escrever e compartilhar minhas
ideias e meus pensamentos!
Pelas entrevistas que
vi, sempre te fazem perguntas associando as ‘it girls’ ao consumo e a um
universo de glamour e você gosta de enfatizar que não precisa ser ‘milionária’
pra ser ‘it girl’ – e eu super concordo! Você se incomodaria se eu te repetisse
esse tema? Não tem muito como negar que moda e consumo andam de mãos dadas,
seja o consumo excessivo ou o sazonal, como você vê essa relação? Digo isso por
ver que ‘it girls’ se tornaram mais e mais referências de comportamento e
estilo.
É uma ideia
estereotipada, normal que exista! Mas a it girl é a menina carismática, que
inspira. E isso existe em todos os universos socio-econômicos!
Brincando um pouco com
a questão da maturidade, você diria que as ‘it girls’ se tornaram ou se tornam
‘it women’? Ou a ideia da ‘it girl’ não tem marca de tempo e não precisa de
creme ‘anti-rugas’?
Uma menina inspiradora
sempre será uma mulher inspiradora! Mas mudam as perspectivas, os pontos de
vista, as prioridades... a it girl é, até pelo conceito da palavra (girl!), uma
menina!
Além de escrever você
também dá palestras, certo? Qual o tema delas normalmente? Seria meio absurdo
perguntar se você prefere conversar ‘escrevendo ou falando’? Digo isso por ver
que muita gente que escreve e se mostra super à vontade com seus leitores muitas
vezes se mostra super tímida no diálogo ao vivo.
Mais
recentemente, o foco maior das palestras é a área de mercado de trabalho,
talvez por conta do meu mais recente livro, Emprego dos Sonhos. Mas falo sobre
qualquer assunto abordado na minha carreira e comecei a fazer isso lá atrás,
quando ainda morava no Rio e nem sonhava em lançar o It, mas já participava de
outros projetos. Amo falar para o público da mesma maneira que amo escrever,
tenho igual naturalidade nas duas funções. Talvez prefira escrever, porque faço
no meu tempo, no meu canto... mas não existe uma timidez pra falar em público!
Posso até ser tímida em outras questões, posso ser reservada, mas me dê uma plateia
e vai apitar a leonina que tenho dentro de mim!
Pra fechar, você
poderia indicar um livro e um blog que ache pessoalmente inspiradores e dizer o
porquê?
Tão difícil indicar apenas um livro! Mas
vou indicar um dos mais recentes que li, amei e indico para todo mundo:
"Roube Como Um Artista". Para blogs, gosto muito da estética do Into
The Gloss e acho a Emily Weiss um exemplo profissional!
Imagem: Pagina oficial da Ale Garattoni no Facebook
Que entrevista maravilhosa! Leve e bem relevante.
ReplyDeleteAcompanho a Alessandra pelo facebook e concordo plenamente com a introdução sobre ela.
Oi Fernanda,
ReplyDeleteQue elogio gostoso de se ler-ouvir! Obrigada!! Essa troca de leituras e' a melhor parte! :)
Que conversa gostosa de ler! Eu que me apaixonei pelo It Girls, e consequentemente pela Ale, agora conheci o delicioso Gato-da-Alice, uma leitura maravilhosa que estou mergulhando em todos os posts! Parabéns, Gabi (posso chamar assim?), virei fã :)
ReplyDeleteUau, Cris!! Pode me chamar de Gabi se eu puder te chamar de Cris ;)
ReplyDeleteGanhei a semana!!! Alias, ganhei mais vontade de continuar escrevendo e dividindo essas coisas inspiradoras e bonitas com voce!!
Muito obrigada pelo carinho! Cada palavrinha vale muito!!
Beijos!!
Eu acompanho o It desde sempre e quando a Ale postou sobre a sua entrevista, foi tipo, tenho que ver. Isso tudo porque, como você descreveu nesse post, que foi a interpretação que tirei: a credibilidade dela é inquestionável e ela é muito autêntica. Com certeza é difícil alguém assim em qualquer mídia.
ReplyDeleteObrigada por essa entrevista, você também é uma das poucas, escreve muito bem. Parabéns!!!
Já criei uns 5 blogs desde o ensino médio kkkkk e deletei todos. De tipos variados, de cada momento da minha vida. Mas, apesar de amar escrever ainda falta uma paixão por um tema principal, ou apenas uma coisa original, nesses tempos é difícil, mas são pessoas como vocês que me dão ânimo a criar de novo.
Sem mais delongas... Parabéns de novo!!!! E agora vou xeretar mais seu blog. xero grande :)
UAU Yasnaya!!
ReplyDeleteSeu comentario e' gracioso e encorajador na medida certa!
E' tao gostoso quando a gente recebe essa troca exatamente pelo que a gente quer transmitir e, no meu caso, e' a minha escrita. Eu AMO escrever e acabei seguindo uma profissao que me permite fazer disso um trabalho. rsrs
Mas a escrita-fala livre, tipo essa do Gato, e' a mais valiosa pra mim. :)
Olha, eu tambem nao tenho la um tema especifico, mas acho que encontrei um nicho que vale por isso que e' a area do comportamento e estilo. Talvez isso te ajude, porque, de fato, achar um tema so e' muito dificil, ainda mais se voce e' criativa e gosta de falar sobre muitas coisas, ne?
Espero que a 'xeretacao' tenha sido divertida! rsrs
Beijo grande!