31 October 2013

Ok, sneakers, I'm done with you.


Lembram-se do desafio ‘five sneakers, five days’? Pois bem, como vocês já bem sabem a essa altura, eu não vivo de blog e não tenho muito tempo pra ficar fotografando e detalhando pequenas minúcias do que visto, nem é esse o propósito do Gato. Acho que, pra quem não tem muito tempo pra isso, até que consegui reunir duas montagens com algumas imagens bacanas, não? (incentivo...?)
De qualquer forma, eu cansei. Vocês não se cansam de algumas coisas também, às vezes? Só às vezes? Eis aqui o resultado...







Back to shoe stalking!! Porque há tantas outras coisas legais pra mostrar pra vocês!

'Ego blogger' (part I)


Você já ouviu falar em blogosfera? (blogosphere em inglês) A idéia é bem simples, trata-se do universo cibernético dos chamados blogs, não engloba apenas os blogs de ‘moda’, mas todo e qualquer espaço virtual que se insira nesse tipo de plataforma midiática. Ufa, parece complicado com tantos termos. A blogosfera é o espaço dos neologismos, onde as palavras se tornam adaptações de termos cibernéticos em inglês, uma vez que a internet é, por sua vez, o espaço em que a língua inglesa impera.

Os neologismos da blogosfera não se restringem a mera questão de vocabulário, não, não. Os blogs se transformaram em espaço de interação de identidades e gostos, de visões de mundo e de expressão de personalidade - logo, neologismos em sentido super amplo. Daí cunhou-se o termo ‘ego blogger’, aquela(e) blogueira(o) que se utiliza do blog pra expressar sua visão de mundo, basicamente. Na verdade a expressão se refere especialmente aos blogs de moda, no qual as pessoas expõem seus modos de vestir-ver-pensar (este último nem sempre) tendências, estilos, infinidades desse segmento narrativo. Ahh, sim, pra mim moda nada mais é que uma narrativa. Acho que algum teórico disse isso, mas não me lembro quem.
Nesse dinâmico segmento da blogosfera, os blogs de moda-comportamento-beleza-decoração (geralmente a ideia de se ‘falar sobre moda’ vem num combo que mistura esse itens todos que listei) estão recheados de ‘ego bloggers’, ideia bem narcisista se formos pensar etimologicamente. Como tudo nem sempre são novidades e autenticidades, claro que nessa gigante fatia da blogosfera há, também, a falta de criatividade, a repetição em série, a produção de ‘identidades em massa’,  a concorrência (contra o que ainda estou desvendando), a alienação...

Então você se pergunta ‘alienação? Mas, Gabi, como assim? E o que você está fazendo nesse lugar então?’. A blogosfera se tornou pra muita gente, incluindo eu mesma, um espaço dos mais férteis pra se expressar em primeira pessoa tudo aquilo que você, blogueiro, julga ser interessante ou bacana aos seus olhos. Eu fiz um primeiro pseudo-blog há alguns anos, mas nunca foi de fato explorado. Em 2010 criei um Tumblr (!!), esse, sim, eu usei com alguma frequência, mas ainda não me sentia completamente à vontade com aquela ferramenta de expressão. Então esse  ano transformei essas ideias todas no Gato. A pergunta que se faz, aqui, é ‘aonde você quer chegar com isso?’. Preciso mesmo responder? Deixo a vocês o benefício da dúvida por enquanto.


Elin Kling.
Eu acredito que o que faz de muitos blogs desses no estilo ‘combo’ (moda + várias coisas criativas) apenas mais um exemplar de uma série de iguais é justamente a necessidade de agradar (blogging just to please is not a good starting point). Agradar a um leitor potencial, amigos, outras blogueiras, você mesma,* sem pensar se você realmente é aquilo que está mostrando-dizendo. Andy Torres, mexicana residente em Amsterdam, é autora do Style Scrapbook, blog de moda que se tornou referência no segmento. Completando seis anos em 2013, o blog de Andy nasceu dessa mesma vontade da qual compartilho: expressar seu jeito de ver as coisas; no caso, ela se destacou traduzindo em seu estilo tendências de moda utilizando marcas acessíveis, mostrando que aquele visual magnífico do editorial de inverno da Vogue, por exemplo, pode ser traduzido para/por nós, mulheres da vida real.** Então podemos pensar juntas: que ideia genial e simples. Certo? Hoje em dia, sim. Mas há seis anos, quando Andy iniciou o blog isso era novidade. O mercado mudou muito nesses últimos anos e a moda é por excelência o lugar da volatilidade! Redes de fast fashion como as famosas Zara e H&M são prova disso, adaptando-se e acolhendo cada vez mais tendências de grandes designers em traduções mais econômicas, mas nem por isso menos bonitas e divertidas. Os anos de 2006 a 2007 são, pra mim, o timing perfeito pra criação desses blogs de moda. Grandes nomes da área como a sueca Elin Kling (StylebyKling), a francesa Garance Doré, a própria Andy Torres, Julie Sarinana (Sincerely, Jules), Rumi Neely (Fashiontoast) entre dezenas e dezenas de outros, inclusive brasileiros (tema do próximo post) foram todos criados nessa época. Como a gente pode ver, são esses blogs que, num período de cerca de 4-5 anos, tornaram-se plataformas de referência de estilo, influenciando definitivamente o mercado da moda – o status comercial surge, de certo modo, com o número de visitas, o tráfego de leitores dos blogs.

Julie Sarinana
Voltamos, então, a nossa pergunta inicial: ‘mas, Gabi, o que você pretende por aqui?’. Eu abracei, sem pudores, esse meio de expressão pra isso: me expressar. Desde bem novinha eu expresso minha criatividade verbalmente, já fiz músicas (sim, eu toco – tocava – violão), já fiz poemas, já escrevi textos e mais textos, fiz até Faculdade de Letras, opção quase que orgânica na época que escolhi a carreira. Mas a carreira, logo de início, abraçou outra área, a da História e assim a vida seguiu. Hoje, fazendo doutorado (em História, mas super interdisciplinar), não me vejo como viver sem me expressar verbalmente. Sem contar, sem falar, sem dialogar. Essa é minha maior vontade, ela me fez criar o blog, porque nele eu sou uma ‘ego blogger’ no seu melhor terreno. Aqui falo do que quero, pra quem quiser ouvir-ler. E ainda posso fotografar, sem vergoinhas. Respondi a questão?

Moda se tornou uma paixão, ainda germinando, convenhamos, crescendo aos poucos em torno da minha identidade e das minhas vontades. Mas a moda não vem sozinha, estilo é um universo, um mundo colorido e criativo e aqui eu expresso, sem receios, essa vontade de falar sobre, falar com. Curiosamente, ou não, meu despertar pra essa possibilidade de expressão surgiu do meu contato com blogueiras daqui de fora, especialmente a Elin Kling que conheci em meados de 2011. Mas não sou boba de não ver que no Brasil há, também, um espaço (mercado) gigante que cresceu estrondosamente nos últimos anos, de um modo em hipérbole que só os brasileiros conseguem fazer. Mas isso é assunto pro próximo texto.


E pra fechar esse aqui de forma multimídia, literalmente, olhem que legal essa micro-palestra da Andy Torres para o TED-Amsterdam sobre o que é um ‘ego blogger’ e sobre a ascensão dela como blogueira.



                    




*Eu opto por muitas vezes ‘genderizar’ meus leitores transformando-os em femininos, porque são elas que me inspiram a expressar no blog minha visão das coisas (eu amo o termo ‘coisa’!).

** Se existe um conceito fluido nesse universo é o de ‘realidade’.


(Click on the images to access the original source.)



29 October 2013

Em São Paulo...


Há alguns meses visitei na galeria Saatchi, aqui em Londres, a exposição 'The Little Black Jacket', da Chanel, que traz releituras de uma das peças mais marcantes da marca. Fotografadas por Lagerfeld, várias figuras dos mais diversos backgrounds posaram com a famosa 'little black jacket', resultando num criativo e surpreendente acervo, no qual a identidade da peça se mostra no máximo de sua atemporalidade e versatilidade. O toque do olhar de Lagerfeld é definitivo pra essa re-invenção super divertida!

Se estiver por São Paulo, não deixe de visitar a amostra, que está instalada no Museu da Cidade, Oca, Parque do Ibirapuera, a entrada é gratuita (!!). Clique aqui pra acessar o site com mais informações.

As fotos abaixo foram feitas por mim durante minha visita à exposição aqui em Londres, minhas favoritas. (fotos feitas com Iphone, então não reparem na qualidade)


Ines, Ines... Musa.






!!! 



When in Camden…


A dica de compra de hoje também é simples e pode ser bem barata se você souber negociar!

Quando você mora numa cidade que costuma receber muitos turistas, é quase inevitável não esbarrar ou até mesmo acolher amigos, afinal vez em quando somos todos turistas! Eu gosto de pensar que, mesmo morando aqui, também me vejo turista quando descubro um lugar novo, um hábito novo ou um jeito diferente de olhar pra aquilo que já parece parte do cotidiano.
Com o tempo você se vê quase ‘expert’ em guiar turistas, selecionando lugares por categorias de gostos e vontades de quem pede as dicas. Eu passo por isso quase que constantemente. (rs) Um dos lugares que vira e mexe inspira curiosidade nos meus amigos que vem turistar por aqui é Camden. Localizado a uma relativa curta distância do centro (aqui chamado de City), Camden virou, com o passar dos muitos anos, um recanto de variedades e tipos, onde se encontra de tudo um pouco literalmente.

Em Camden você ouvirá basicamente três línguas: italiano, espanhol e português. Eu não sei o que existe lá que atrai tantos italianos, espanhóis e brasileiros! Sendo bem genérica, o que você encontra pelos mercados do bairro são peças de todos os gostos, tendências, estilos, tipos – desde as famosas bugigangas chinesas, aqueles artefatos étnicos indianos e turcos (há algumas lojinhas de luminárias em mosaico que são maravilhosas) ao refinamento de artesãos e joalheiros que oferecem produtos de qualidade a preços módicos ou não. Como todo lugar turístico – ou que se percebe cheio de turistas – ao contrário do que muita gente pensa, Camden não é muito barato, mas lá você pode exercer todo o seu poder de barganha! Eu acho que essa seja, talvez, a maior vantagem de se procurar coisas por lá, isso se você souber barganhar, coisa que eu infelizmente não sei fazer...

A dica, então, depois dessa mega introdução é: Camden é um ótimo lugar pra se comprar acessórios de prata! Eu ando numa fase meio prateada; depois de tanto tempo focando no dourado enjoei um pouco, mas não tinha mais tantas peças naquele metal. Fui com uma super amiga, mestre na arte da barganha (dica: se você não sabe barganhar, vá com alguém que saiba!) e não é que encontramos coisas lindas, exatamente no estilo que eu procurava e de um artesão super bacana, que nos deu descontos a mais, porque minha amiga já havia comprado com ele antes. Como Camden é um lugar muito misturado, é bom você ter algumas referências de quem já conhece por ali pra não cair no conto da sterling silver que no final vai virar uma conjuntura de metais desbotados e tristes. O artesão de quem compramos algumas coisinhas lindas se chama Maynes, ele é baseado em Londres e há muitos anos vende suas peças em Camden, na mesma barraquinha. (clique nas fotos para vê-las em zoom)






O da direita tem um mini-filete de ouro, delicado na medida certa.


Além de ser super atencioso, ele sabe negociar uma barganhazinha e não fica empurrando coisas pra você. As peças dele são super bem desenhadas, confeccionadas e a prata é excelente. Mas ele, assim como vários outros artesãos, só está pelo Camden Lock (ao lado do mercado maior, no pátio interno) aos domingos e às vezes aos sábados. Em termos de variedade de barraquinhas, os finais de semana são os melhores dias, mas também são os dias mais cheios, ou melhor, lotados. Então vá preparada(o) com uma boa dose de paciência e cuidado, já que os pickpockets estão por toda parte.

Se alguém se interessar e quiser saber mais detalhes sobre preços etc., posso passar sem problemas. Clicando aqui você acessa o site do mercado com informações detalhadas sobre os horários e como chegar lá.