Depois de 7
anos de Rio (oh cidade maravilhosa da qual morro de saudades!) posso dizer que
vivi sete anos de puro tropicalismo sartorial – Vans e os tênis maravilhosos (e
agora extintos) da New Order eram os meus sapatos mais fechados. O resto eram
sapatilhas, Havaianas e sandálias – use a imaginação.
Logo que me
mudei pra Londres, em setembro de 2011, vivi uma semana de intenso calor, mas
falo de calor mesmo! Peguei o avião de Havaianas e elas permaneceram nos meus
pés por mais alguns dias desde que saí do Heathrow. Óbvio que eu reclamei, quem
não reclamaria? Queria sentir menos calor, veja, eu disse ‘menos calor’, que
não é o mesmo que ‘frio’.
Londres me
atendeu e bem rápido: na semana seguinte, literalmente, frio, nebulosidade,
chuva, frio, vento, vento, chuva, nebulosidade, um tiquinho de sol, mais
chuva... Meu primeiro inverno aqui foi tranquilo, não reclamei, não resmunguei
até porque não sou do tipo que atualiza timeline do Face no melhor estilo
‘Clima Tempo’ acompanhado de doses cavalares de mau humor e reclamações. Eu
lido bem com temperaturas extremas. Mas meu segundo inverno aqui foi um teste
de paciência. Sabem aquela headline clássica de previsão do tempo ‘e esse foi o
inverno mais frio dos últimos mil anos’? Então, aconteceu por aqui. Fez muito
frio, nevou demais, choveu demais, foi tudo demais.*
Depois da
experiência do último inverno, ou melhor, durante a experiência dele, eu
aprendi algumas lições muito valiosas sobre o frio. Eu andava ‘semi-nua’
segundo uma amiga fashionista daqui.** Usava casacos finos, luvas abertas
(daquelas que deixam os dedinhos de fora) até comprei duas botas de couro da
Tory Burch (as únicas que me serviram tanto em tamanho quanto em estilo), que
eram de cano longo e eu não gostava, não mesmo, mas me mantinham aquecida.
Sabe aquelas fotos lindas do Stockholm Street Style em que as mulheres
aparecem fabulosas de escarpin e um casaco lindo, porém fino, sem meias, sem
botas, sem luvas (ou com luvas) no meio da neve? Isso é ilusão. Quase fotoshop,
uma magia que só essas mulheres possuem de conseguir abstrair dos termômetros
em nome do estilo.*** Se você vir qualquer post da Garance Doré sobre o
assunto vai entender como a realidade realmente se impõe, pra poupar seu tempo
na procura, recomendo ver esse aqui e esse aqui. Nós, pessoas normais,
adaptáveis, porém nem tanto, nem sempre conseguimos desfilar nossos Manolos por
aí com as unhas dos pés roxinhas de tanto frio.
O que eu
fiz? Depois de muito pesquisar durante o inverno e até no outono (que já estava
congelante), consegui encontrar alguns ‘buddies’ que se tornaram verdadeiros
companheiros na divertida batalha cotidiana contra o frio.**** E isso é a maior
dica que posso dar a você, caso se encontre em situação parecida: pesquisem e
se adaptem! Mas com aquele T bem grande de quem está, na verdade, se
divertindo! Foi assim que encarei as mudanças tão bruscas no meu cotidiano e no
meu guarda-roupa. Tente encontrar aquilo que mais se adequa não apenas ao seu
corpo, mas ao seu bolso e principalmente ao seu estilo de vida, seu ritmo
(sábias palavras de Scott Schuman!). Saltos são lindos, mas pra andar na neve e
na chuva? Meias existem por algum bom motivo, então não deixe seu parzinho em
casa, até Elin Kling as usa! (rsrs) Gorros, casacos descolados, pra que serve a
moda senão pra te mostrar tantas e muitas outras opções à monotonia dos dias
frios e sem muitas saídas?
Esses
senhores bonitos aqui embaixo foram meus ‘winter buddies’ do inverno passado e
continuarão a ser nesse próximo. Acabei de tirá-los do armário, porque o
frio já chegou, não com tanta força, mas sandálias não cabem mais na pintura do
clima e sapatilhas estão se tornando desafio por causa da chuva.
Da esquerda
pra direita: Sneakers de couro e cano alto, Lanvin – os MELHORES pra se andar
na neve e na chuva londrina (lembrando que neve aqui não é como na
Escandinávia, ok?) / Donna Ankle Boots, Alexander Wang (porque salto é
interessante quando se tem 1,57m) / Alma Texture Low Bootie, Acne (perfeita, só
isso).
E essas
bonecas aqui vieram comigo do Brasil depois da minha última visita, em junho
desse ano. Ainda não estreei, mas tenho certeza que serão apreciadas em breve. São
da Arezzo, de onde mais?
Adoro quando o sapato fica com aquela cara de usado, mas bem cuidado, sabe o que quero dizer? Aos poucos vou escrever mais sobre as delícias e os desafios de se (con)viver com esse clima tão 'típico' daqui.
E você, que
mora aqui no hemisfério norte ou no sul, como se adapta a cada estação? Seu
guarda-roupa também é sazonal por imposição climática? Me conta!
*Pra quem
não sabe, Londres não esta preparada pra neve em pequenas ou grande
quantidades, a cidade para literalmente. E isso, alias, é uma piada bem comum
sobre a incapacidade inglesa de saber lidar com a neve.
**Sim,
Aninha, essa é você.
***
Acreditem em mim: já vi mulheres de mini saia e Manolos em dia de -5C aqui em
Londres. Como elas estavam? Com os poros gritando de tanto arrepio e calafrio,
os queixos batendo, mas com as perninhas de fora.
**** Eu sou
professora assistente no King’s College London e dou aulas nos semestres de
outono-inverno, logo, dei aulas com ou sem neve às 9 da manha, que significa
‘madrugada’ no inverno daqui.
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