Você provavelmente já ouviu esse
nome, talvez o sobrenome chame mais a atenção pelo eco de musica que ele ressoa
automaticamente (ou quase isso): McCartney.
Stella McCartney, hoje, me faz
suspirar quando o assunto é moda. Não pense em moda daquele jeito boboca e
preconceituoso que é meio senso comum. Sejamos generosos e pensemos na moda
como um termo guarda-chuva que abriga coisas como identidade, desejos,
visualidade, gênero, artesanato, status, arte. (etc., ok?) Stella reúne em suas
criações tudo isso, e um pouco mais, de forma quase uníssona no universo dos
designers de marcas de luxo. O maior diferencial aos meus olhos leigos e
apaixonados não é o corte, nem o tecido, nem o logo. Alias, as peças dela são
perfeitas pra quem, como eu, não gosta de logos espalhados pelo corpo.
Stella não trabalha com couro, PVC,
penas, peles... E fazer isso num contexto em que bolsas de couro são a marca
registrada e cobiçada por 99% dos seus colegas de trabalho é ser uníssono não
só no seu fazer, mas no seu viver também. Não vou entrar em méritos de carreira
ou da influência que a Linda, sua mãe, teve nas suas escolhas. Mas apenas nos
méritos de ver seu nome soar tão inspirador nesse mercado tão louco, tão cheio
de escolhas que muitas vezes não te dão opção que não seja aquele rótulo-estilo
fechado. As peças sob o design de Stella tem identidade, beleza, status E
consciência. Um exemplo bobo? Suas bolsas vem com um cartão de autenticidade
que dispensa explicações: ‘Suitable for
vegetarians’ [Próprio para vegetarianos]. O que esse cartão diz não é
apologético ou politicamente engajado no sentido mais coxinha da palavra, ao
contrário, ele diz pura e simplesmente ‘fiz minhas escolhas e construí meu
trabalho e meus desejos sobre elas’. Ok, ‘continue sonhando, Gabi’, você me
diz. Sim, continuarei.
Não importa que escolhas a gente
faça, o que importa é o quanto a gente consegue viver sob elas e acompanhá-las,
porque isso fará delas as escolhas mais afinadas com o que a gente é ou
pretende ser.
***
You’ve probably heard this name a thousand
times even if the surname is what sounds louder to your ears: McCartney.
Stella McCartney, today, makes me sigh when it
comes to fashion design. But, hey, let’s not think of fashion in a narrow and
somewhat stupid way here. Let’s be generous and think of fashion as an umbrella
term followed by a bunch of interesting things like identity, visuality,
desires, gender, handmade crafts, status, art and so on and so forth. Stella
gathers in her designs all of the above in a unique way. The biggest ‘thing’
about her work, for me (pardon my non-arbitrary judgment) is not the cut, the
textile, or the logo. By the way, if you’re not a fan of carrying logos around,
like me, she’s got the perfect accessories.
She doesn’t work with leather, PVC, feathers,
fur… E to be able to do that in a context where 99% of a brand’s masterpiece is
a leather bag is exceptional, not to mention genius and a strong indication of
personality. Ok, I won’t get into career merits or how Linda, her mom, (still)
influences her. I’ll only take into account the merits of seeing a name that’s
so inspiring for being totally unique in a context where it’s not rare to be
influenced by standards and stereotypes – of all kinds, shapes, materials, etc.
– that are so narrow minded. Stella’s designs have identity, beauty, status AND
conscience! One silly example? Her
bags come with an ‘authenticity’ card which says ‘Suitable for vegetarians’.
What this card says is not apologetic or simply politically engaged in a
shallow sense (as if the thought behind it could also be just another commodity).
This card simply says: ‘I’ve made my choices and built my work based up them’.
Oh yeah, ‘keep dreaming, Gabi’, you tell me. Yes, I’ll keep dreaming.
I guess it doesn’t matter what choices we make,
what matters is how much we can actually cope with them and live and follow
them, because that balance is what’s going to make them become what we are or
intend to be.
Stella talking with Vogue.
PS: did you know that recently she reduced the prices of her bags to make them a bit more accessible? How cool is that?
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