23 March 2014

Taking criticism




Ano passado me inscrevi pra um congresso e tive o resumo do meu paper (ou comunicação) rejeitado. Fiquei triste? Claro! Mas uma professora e grande amiga (da Universidade de Cambridge) achou estranho meu resumo não ter sido aceito e me pediu pra ler o material. O e-mail que recebi de volta foi quase um dossiê no qual ela destrinchava parágrafo por parágrafo do meu resumo e me mostrava o porquê dele não ter sido aceito. Quando recebi o e-mail fiquei bem triste por alguns minutos, mas reli algumas vezes e tomei a única iniciativa que eu achava cabível: respondi ponto por ponto, explicando e justificando o que podia e reconhecendo o que não tinha jeito. Ao fim agradeci demais o carinho e o tempo que ela disponibilizou só pra aquilo e pedi que ela me ajudasse e me indicasse uma ou outra leitura e etc. A resposta dela?
 You are, as people used to say long ago, "a good sport". To be able to take criticism so gracefully is a real test of character!’

Não, eu não vim aqui me gabar pelos elogios. Do contrário, afirmar isso em público não é nada vaidoso. Ouvir críticas não é e nem nunca será fácil, responder positivamente a elas é mais difícil ainda, acho que aí está o teste de caráter nas palavras da minha amiga. Nesse mundo de constante ‘xeretação’ que é a blogosfera, a gente vê o tempo todo as chamadas ‘críticas construtivas’ e a gente sabe, claro, que na maioria das vezes essa expressão é mero eufemismo pra muita besteira e falta do que fazer. Mas o ponto é que existem SIM críticas construtivas que, normalmente, não virão num comentário de um blog deixado por um desconhecido. Elas quase sempre vem de pessoas mais próximas, com intimidade pra isso, mas, às vezes, pode ser que elas venham de alguém que a gente não conheça direito – ou sequer conheça. Quando bem ditas, bem elaboradas, essas críticas viram conselhos e acabam melhorando bastante a nossa vida!
Eu gostaria demais que as pessoas aprendessem a ouvir tanto quanto elas precisam aprender a falar-mostrar. E, por favor, não entre naquela paranoia besta de achar que todo mundo que diz algo construtivo ou com ponto de vista diferente é sempre invejoso, mal resolvido e essas coisinhas feias que dizem tanto por aí. Ter opiniões distintas é uma maravilha, embora seja difícil viver com isso. Algo que aprendi ainda na adolescência e que prego e pratico até hoje e, espero, pro resto da vida: nunca dar opiniões a quem não as pede. Se não me dão espaço, devo respeitá-lo, mas se o dão eu me permito dizer o que penso. Senão a vida acaba virando uma grande Timeline de Facebook, cheia de informações desencontradas e gente suspeitando até mesmo da própria sombra.

 Como você responde a críticas? Digo, críticas interessantes, claro.


NB: to my beloved English readers, this topic is more for my Brazilian context, but I'll translate it later.

20 March 2014

Effortless femininity - sorry for being so repetitive.






O styling da Elin na nova capa da Styleby (revista DELA, btw), pra mim, encapsula feminilidade na medida certa. Sem excessos, sem camadas, apenas muita sutileza.

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Elin's latest styling for the cover of HER Styleby encapsulates what, for me, defines femininity in its more generic sense. No excess, no tones of layers, just a lot of subtlety.

17 March 2014

The wish list

Quem acompanha blogs de moda-comportamento-beleza-viagens-etc. já deve ter visto essa headline por aí, significa literalmente ‘lista de desejos’. Acho que todo mundo tem muitas listas de desejo, mas, lugar comum por lugar comum, essa aí se refere mais a coisas que a gente deseja usar-vestir na próxima estação.

Eu tenho uma wish list mais ou menos fechada na minha mente, mas toda vez que olho pra ela me dou conta de uma coisa que já deveria ter terminado de fazer há muito tempo: a curadoria do meu armário. Quem vive no Brasil, de modo geral, não passa pelo processo anual de trocar as coisas do guarda-roupa a cada estação. Aqui fora isso é questão de sobrevivência, pelo clima e pelo espaço. Estou passando por isso nesse exato momento! Depois de muitos meses toda coberta 24 horas diárias, volto a ver partes do meu corpo desfilando pela rua, especialmente braços e pés, ainda não dá pra sair de pernas de fora. E, com isso, a tal curadoria começa a fazer falta: volto pras pouquíssimas roupas de verão que tenho e vejo que não tenho as peças atemporais que tanto quero, coisa que já conquistei nas roupas de inverno. E aí vem aquela frustraçãozinha... E também vem aquela sensação esquisita de ver seu corpo com “poucas” roupas, ou camadas de roupas, e se perceber usando jeans com camiseta, somente. Nisso você percebe que seu braço já viu dias melhores e que ser sua própria manicure não é tarefa fácil – especialmente se você, como eu, não frequentava manicure, mas podóloga!

Não se trata de pensar a wish list de compras, de coisas que quero, de gastos inúteis. Se trata de sair pra rua se sentindo bem, de jeans, camiseta, sandália e blazer. Muito se engana quem acha que isso é mera futilidade, se eu sou exigente com meus livros e com os autores que leio (teoria, metodologias, blábláblá), porque não posso ser exigente com o que visto, com o que cobre meu corpo e me introduz num ambiente à primeira vista? Aliás com o que vai me fazer sentir bem e confortável o dia todo ou insegura e tristinha? (Sentiram um ‘q’ de Cher Horowitz nessa pergunta?) A wish list tem que ser pensada, no melhor estilo effortless, com carinho, paciência e economia. Então essa é a tarefa para os próximos meses (semanas, vai!). E se eu dividisse com vocês minhas curadoria? O que aprendi ou desaprendi no processo? Taí, tarefa de casa: ‘my effortless wish list’!

No momento, quero passar o verão todo com vestindo essas peças...


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If you’re into or simply follow some fashion-and-etc. blogs, you’d probably have noticed this headline here and there.

I have a wish list more or less set on my mind, but every time I look at it I realised I haven’t finished what I should’ve done years or months ago: my closet’s curatorship. After so many months living as an onion, layers and layers of clothing, I’m getting back to seeing my bare arms and feet heading to work during the week. And when I go back to my spring-summer stuff I realise I don’t have the effortless and timeless pieces I wish I had, which I also managed t do with my winter things. Not to mention that odd feeling of seeing parts of your body being daily exposed – I mean arms and feet, ok? – what should be completely fine (I’m Brazilian for goodness sake!) but I forgot what it feels like seeing that you should have put some extra effort (or little at all) to endure the smelly people at the gym during winter or dedicated some extra hours to your pilates classes.

It’s not about creating a wish list just for the sake of spending tones of money in things that won’t last one season, either for poor quality or design. It’s about going out feeling great in jeans, T-shirt, flats and a blazer. And what’s wrong with that? If I’m harsh or demanding with authors I discuss at the university why can’t I be the same, but in a cheerful way, with the things that cover my body? (Got my Cher Horowitz intonation?) The wish list has to be curated, in the best effortless conceptual sense of the word. So that’s the task for the upcoming weeks. And what if I shared my curatorship here, what I learned or nor in the process? That’s it, homework: ‘my effortless wish list’.

 For the moment, that's what I want to be in during all summer...



 Cotton shirt, Vanessa Bruno / Fabric Blazer and Palazzo trousers, Zara / Bangle and ring, Lara Melchior for & Other Stories / Holden Leather sandals, Isabel Marant



13 March 2014

Lara Melchior for & Other Stories

Se tem uma loja na qual eu gosto de entrar e perder tempo (ou ganhar!) observando tudo com muito cuidado é a sueca & Other Stories. Já fiz post sobre ela ano passado (!) e fiquei muito contente de vê-la no Instagram das consultoras brasileiras Chris Francini e Paula Martins quando ambas passavam pela semana de moda parisiense dias atrás – ou semanas, o tempo voa, não? Mas, me perdoem o tom tacanho, acho pouco provável o nome cair no gosto das brasileiras de modo massivo.

A loja reúne tudo que eu mais procuro e gosto na área sartorial, desde  o conceito minimalista cool e super geométrico, à qualidade das peças e o primor na adaptação de tendências sem ficar com a menor cara de copy+paste sazonal. Sem falar que ela é completinha: tem acessórios, roupas (e lingerie!), sapatos E cosméticos!! Sem contar os preços super acessíveis. Preciso dizer mais? Sim, preciso! Eventualmente a marca faz parceria com outros nomes bacanas criando linhas e produtos únicos, no momento esses nomes são Vans e Lara Melchior.

Lara é uma designer baseada em Paris com uma identidade que flerta bastante com artes visuais como Gustav Klimt, que inspirou sua coleção atual. Para a coleção de primavera-verão desse ano, & Other Stories trouxe acessórios exclusivos desenhados Lara, que já estão disponíveis no e-commerce e nas flagships  da marca sueca (aliás, em breve, eles abrirão filiais nos EUA).


Os metais não são preciosos, mas as pedras são verdadeiras. Acho melhor mostrar com imagens a beleza e delicadeza dessa colaboração ao invés de ficar aqui descrevendo...

‘Jóias não deveriam roubar a luz [ou o raio de luz] de uma mulher, deveriam deixá-la ainda mais bonita’, Lara Melchior

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If there’s one store in this city that’s worth wasting (or better boosting) hours of careful observation it’s the Swedish & Other Stories. I’ve written about them before, last year (!) – time flies, right?

The brand magically gathers everything I love and look for sartorially speaking, from its minimalistic cool approach to trends – seriously, no copy+paste feeling at all, my friends – to the amazing quality of the pieces and their unique design. Not to mention the tags, incredibly affordable. It’s complete: accessories, clothes (and lingerie!), shoes AND cosmetics! Need more? Yes! The brand eventually join forces with other super cool names to create incredible pieces and exclusive collaborations. Currently such names are Vans and Lara Melchior.

Lara is a Paris-based jewellery designer with a very personal trace, usually influenced by visual arts like the works of Gustav Klimt that inspired her current collection. For the SS pieces, & Other Stories is bringing us accessories exclusively designed by her and they’re already available at their e-commerce and their flagships. By the way, US people, calm down, they’ve got concrete plans of taking a flagship closer to you.

They're fashion jewellery but the they all have real stones. I guess we’d better have a look at her magical work instead of just talking about it, right?

‘Jewellery shouldn’t steal a woman’s thunder, it’s meant to make her look even more beautiful’, Lara Melchior


Lara Melchior













Images: all from & Other Stories official website. Click here to access them.

9 March 2014

"Eu tinha um objetivo: fazer com que o corpo falasse": Uma conversa com Tatiana Perius

Conheci a Tati – ou Tatiana Perius – no iniciozinho de 2007. Eu estava pesando 40kg na época e, embora pros padrões de editorial de moda isso fosse suprassumo, pra mim não era. Eu estava super estressada e cheia de coisinhas chatas como ansiedade e afins, logo, emagreci muito. Meu médico me indicou atividade física emergencial, era bom pro corpo e pra mente, e minha terapeuta jogou a ideia ‘Gabi, porque não tenta Pilates?’. Minha reação foi: ‘não seria Pilate ou Pilatos?’ Fui ao estúdio da Tati, que acabara de ser inaugurado, aliás, acho que fui uma de suas primeiras alunas! A empatia foi instantânea: me apaixonei pela atividade e pelo modo como a Tati me guiava naquilo. E eu de-tes-to academias: aparelhos mirabolantes, cheiro de suor, pessoas se matando de correr-puxar-peso-pular-etc., enfim, ambiente estressante pra quem não se sente a vontade com essas coisas. Eu ia ao estúdio 3 vezes por semana e em duas semanas (não é mentira, tenho laudo médico pra atestar! Rs) ganhei 2kg de massa magra! Foi a primeira vez que vi mini-músculos nos meus braços! A sensação é deliciosa, já sentiram isso?
E esse blog é um espaço pra dividir isso: a sensação gostosa de alcançar algo inspirada por alguém ou por si mesma. A Tati me inspirou e me inspira até hoje, mesmo com toda a distância. Atualmente, essa linda leonina reside em Brasília e, se eu morasse por aí, não perderia tempo de procurá-la nem que fosse para um papo e um suco! Tati é autêntica, gentil, graciosa inclusive nos puxões de orelha e conhece como ninguém os caminhos que ajudam a gente a acreditar na própria força – muscular e de vontade. Nessa conversa, Tati conta sobre sua formação como instrutora da modalidade (na verdade ela nos dá uma verdadeira AULA sobre o tema), sobre superação pessoal, gravidez, autoestima e, de quebra, deixa algumas dicas pra quem está interessado ou já pratica Pilates.
Já que segunda é dia internacional da dieta (quem inventou essa tremenda besteira?), que tal começar a semana com uma entrevista inspiradora e estimulante? Inspirem-se!




Antes de mais nada, Tati, me conta como você descobriu o Pilates e quando decidiu que era com ele que iria trabalhar? Como foi sua formação?
O universo Pilates entrou na minha vida de uma maneira muita tímida, nos idos anos 2000, meu marido sofreu um grave acidente e sua recuperação total levou um período de 16 meses, aproximadamente. Tínhamos 10 meses de casados, quando, por infelicidade do destino, ele foi atropelado. Ele é triatleta, fazia seu costumeiro percurso de bicicleta, quando uma caminhonete D-20 o pegou em cheio. Já podes imaginar o estrago? Enfim, ele passou por 5 cirurgias e saiu de cadeira de rodas do hospital, fraturou todo seu lado esquerdo.
Ficamos procurando os possíveis tratamentos fisioterápicos mais eficazes, e dentro desses tratamentos, a resposta era sempre: ‘só isso?’ Não conseguíamos atingir as nossas expectativas (...) e os resultados eram muito pequenos. Os tratamentos sempre foram executados por profissionais competentes, mas sabíamos que o corpo dele precisava de mais estímulo.
Então li uma matéria sobre Joseph Pilates, um senhorzinho simpático que criou uma técnica que mesclava várias outras como Yoga, Ballet, meditação, artes marciais, etc. Há relatos de que ele recuperava lesões em bailarinos profissionais, como a Martha Grahan, por exemplo. Isso me chamou atenção, porque a leveza dos bailarinos e a força que essa profissão exige não condizia m com os treinamentos convencionais.
Foi aí que começou o meu interesse, imagina, como pode existir tamanha força e o corpo ser suave? Simples: isometria! Usamos ela o tempo todo. Inclusive sem perceber, porque a ação da gravidade nos faz isométricos o tempo todo. Meu marido começou a fazer e eu fui junto! (risos)
Depois da minha graduação em Educação Física na Federal de Santa Maria (RS), investi 4 anos de formação em cursos que são reconhecidos internacionalmente. Mas não conseguia ter a coragem para abrir um estúdio próprio, foi preciso muita terapia com a Larissa [ps: eu e Tati íamos à mesma terapeuta]! E muito trabalho corporal!


Você tem uma energia super positiva com relação ao bem estar físico de quem trabalha com você e isso é explícito! É contagiante ver a sua vibração e carinho ao demonstrar cada exercício, cada postura e, claro, a confiança na sua explicação do que está por trás de cada um deles. Você sempre teve essa atitude com relação ao seu corpo ou isso foi algo que você foi aprendendo aos poucos?  Digo, como foi pra você combinar o que você idealizava esteticamente pro seu corpo e a adequação a ele?
Sempre gostei muito de esportes, mas não me adequava àquele padrão fitness, nem tampouco em atividades da moda: aeróbica, step, etc. Detestava aquele ambiente de academia, ficava envergonhada e não me encaixava. Mas foi nesse ambiente que eu me identifiquei não com quem fazia as modalidades, mas com quem fugia delas! (rs) Pensei “se eu me sinto estranha, outros também podem se sentir assim” e bingo! Sem exceção, todos os meus alunos durante os 8 anos que tive meu estúdio nunca me procuraram para deixar o abdome trancado ou pensando em “quero ficar bem para o verão”. Quem me procurou com essa intenção não permaneceu!
Quando tive o insight de que poderia ajudar as pessoas através da força do nosso corpo, foi como um renascer pra mim. Cada aluno buscava uma resposta corporal diferente, mas eu tinha um objetivo: fazer com que o corpo falasse. Quando nos permitimos, escolhemos isso e abrimos caminho pra que o corpo nos responda, a gente começa a entender sua função: não sobrecarrega mais as articulações, adquire precisão de movimento, o que nos permite poupar energia. A gente aprende a descobrir que o corpo tem suas razões e que basta aprender os mecanismos para ouví-lo.
Nesse processo, fui percebendo que as alunas ficaram mais bonitas, se sentiam mais adequadas com seus corpos. Entendiam que não precisavam estar em busca de uma ideia corporal que não condizia com seu próprio corpo. E isso foi se tornando o meu maior espelho. Sendo bem ilustrativa, acho que desde que me conheço por gente fazia dieta, cheguei a pesar 56 kg na faculdade, mas meu cabelo caiu, meu intestino não funcionava... E sempre me achava enorme! Tenho 1,71m de altura e meu ideal de beleza era a Audrey Hepburn. Imagina o tamanho da minha frustação!

Com dois filhos lindos não tem como não perguntar isso: você praticava Pilates durante a gravidez? Recomenda?
Quando engravidei nunca deixei de fazer atividade física, mas (pausa para o choque) engordei 30 kg do meu primeiro filho e 27kg da segunda (que nasceu prematura de 36 semanas), imagine se tivesse ido a termo?!! My God!!
Engordei ao total [das duas gestações] o equivalente a uma outra 'Tatiana' e sabe como consegui emagrecer? Juro que não vou ser piegas e dizer que foi somente com o Pilates, não, não foi! Fiz dieta, corri muito, mas foi a minha vivência no Pilates que me fez ver até onde eu poderia ir. Mesmo acima do peso ainda tinha curvas (rs) e comecei a buscar meu melhor ângulo. Exatamente igual ao ideal de uma 'selfie' quando buscamos nosso melhor ângulo. E como se faz isso? Experimentando o que te faz bem. É aí que a Roda Gira e te faz entender que o que te faz belo é o que o teu corpo te permite fazer e, se você o faz, deve fazer bem!


Você é super conectada na internet e bastante ativa em algumas redes sociais. Você acompanha os chamados ‘perfis fitness’, que se multiplicaram no Instagram nos últimos anos, ou ano?
Sou muito otimista e curiosa, como toda leonina. Acho que devemos investigar tudo o que nos estimula, mas também devemos ser criteriosos. Aquela velha história do “que pode ser bom pra você pode não ser bom pra mim” está extremamente certa! Hoje tudo está [mais] massificado. A dieta da moda, o exercício da moda, o cabelo, roupa, sapato, bolsa, etc. Acompanho muitos blogs, dos mais variados assuntos e fico muito preocupada quando vejo as propagandas não veladas, embutidas em mensagens subliminares! Mas todos precisam ter seu ganha pão, não rotulo ninguém, mas acredito que deveria existir um controle do que se coloca, como um Conselho de Ética, talvez. Hum, não sei, isso é um assunto delicado e polêmico. Muitas meninas jovens se deslumbram e as coisas podem fugir um pouco ao controle.

Quando comecei o Pilates com você, lá no início de 2007, a coisa era toda inovadora, quase ninguém conhecia a modalidade – com exceção da Constanza Pascolato que é adepta há mais 10 anos! (rs) Com o passar de poucos anos o Pilates invadiu as academias e estúdios começaram a pipocar em diversas cidades e regiões do Brasil. Que mudanças mais significativas você percebe com relação ao que o Pilates se pretende e aos usos que se tem feito dele desde que você começou a trabalhar na área? Eu me refiro às ‘variantes’ que andei vendo por aí como ‘Power Pilates’ e coisas do gênero.
O nome Pilates é muito forte, tão forte que houve uma polêmica disputa sobre quem detinha o direito de “usar” a marca-nome Pilates, foi quando um sábio disse que isso era universal, como natação é natação, atletismo é atletismo, etc., mas existem as vertentes.
Os instrutores vivos atualmente, que tiveram aulas diretamente com Joseph Pilates, pregam o Pilates autêntico. Já outros grupos, também formados por instrutores educados por instrutores de Joseph Pilates, formam um grupo que utiliza o método, mas o adequa ao uso de acessórios e pesquisas para otimizar a biomecânica dos movimentos, estes são representados no Brasil e no mundo pela Power Pilates e Balance Body, existem outros também, mas os mais conhecidos são esses. Esse grupos são orientados por um órgão nos Estados Unidos chamado PMA (Pilates Method Aliance) que regulamenta e normatiza a ministração de cursos de Pilates oferecido pelo mundo.
Todos esses cursos buscam formar profissionais que possam ministrar aulas em qualquer lugar portando uma espécie de certificado, que é renovado mediante pagamento a cada dois anos. “Empreendorismo americano”, por um lado é bom, pois você trabalha com muita segurança, já que os profissionais são treinados da mesma maneira; por outro é bem limitante. Enquanto tive o estúdio, sempre fazia as reciclagens e, assim, me mantinha segura. Mas é uma espécie de lavagem cerebral, se você sai um pouco daquele protocolo não está sendo profissional. E isso começou a me levar para uma insatisfação descomunal! Infelizmente, no Brasil, muitos profissionais trabalham com Pilates de maneira irresponsável, acabam lesionando muitas pessoas, porque não entendem que a premissa básica é a sustentação do corpo pelo eixo de movimento, que nada mais é que a nossa coluna! Sem ela perdemos nossa qualidade de vida. Por isso devemos pesquisar antes e muito bem qual o currículo do professor e, além de tudo, ter afinidade, aquele feeling, aquela conexão de ideologia.

A Constanza (Pascolato) sempre diz em entrevistas que pratica Pilates há muito tempo e que faz isso todos os dias, por pelo menos uma hora – todo mundo que a entrevista pergunta que atividade física ela faz, é impressionante! Bom, não preciso nem dizer que ela está em excelente forma, o que, claro, tem muito a ver com a disposição emocional e afetiva dela com relação à sua idade e ao seu próprio corpo. Pra fechar, que dicas você poderia passar sobre intensidade, quantidade ou modalidade de Pilates pra quem já pratica ou quer praticar e tem a ambição (deliciosa) de se ver uma Constanza no futuro? - Sonhar serve pra isso, não? Pra incentivar!
Constanza Pascolato, Diva-Deusa, Inspiradora! Queria chegar na idade dela assim! (rs) Saber envelhecer, está aí algo difícil! Hoje a beleza aparece por vezes tão extremada, por exemplo, aquele tipo “Síndrome de Paniquete”, com aquelas pernas de jogador de futebol, pescoço de Stallonne, seios de Dolly Parton... Enfim, tem quem goste! Pra mim, não existe coisa mais bonita do que se sentir bem e Constanza é um exemplo disso! Muitos dizem que o Pilates rejuvenesce, acho que sim! O corpo recebe uma dose extra de oxigênio. Quem sabe está aí o segredo de Constanza!

Minha sugestão, para quem se identifica com o Pilates, é tentar fazer o máximo de vezes possível, observando uma alimentação saudável, se permitindo a ingestão de comidinhas e bebidinhas gourmets, mas sem perder o foco! Almoçou feijoada, não vá comer pizza com os amigos de noite! Simplesmente não dá! Tem que saber o que se come, tem que escolher o que se come e tem que fazer sua comida. Não sabe, se matricula em cursos! Isso faz toda a diferença na sua saúde. Quem está totalmente sedentário e vai começar Pilates, mas só Pilates, tem de fazer pelo menos 3 vezes na semana; se você é ativo pode fazer duas. Eu faço segundas, quartas e sextas e corro terças, quintas e sábados. Fiquei em paz com a balança, estou com 65 kg e me permito admirar minha barriguinha de dois filhos!




Que gostoso ouvir uma mulher tão à vontade ao falar do seu peso em números, não acham? Não existe prova maior do auto-conhecimento e conforto consigo mesma do que a falta de pudor numérico, peso, idade, etc. Rs!


Imagem: página pessoal da Tatiana no Facebook