17 February 2014

"Uma menina inspiradora sempre será uma mulher inspiradora": Uma conversa com Ale Garattoni

Ensaiei a introdução desse post algumas vezes, reescrevi a primeira linha quatro e respirei fundo umas duas, porque? Porque quando a gente recebe carinho de pessoas que a gente admira muito fica assim, meio boba, meio anestesiada, meio besta. Especialmente se o carinho vem embrulhado em generosidade e inspiração... O Gato está passando por algumas mudanças estruturais que só farão bem a ele, a mim e a você, que sei bem vez em quando vem passear por aqui. E grande parte dessas mudanças é uma resposta minha ao retorno que tenho recebido não em números, mas em palavras. E essas não tem muito como medir em tabelas e gráficos.

Pensar mulheres e em mulheres é parte do que eu faço por aqui, especialmente as que me inspiram como pessoas e como profissionais, embora a ideia central do Gato seja conversar com o cotidiano e deixá-lo mais criativo, gostoso, bonito. E a mulher-escritora com quem eu conversei por e-mail me cedeu essa conversa - cotidiana - com a maior receptividade e simplicidade do mundo! Leonina confessa (e escrita!), administradora bem sucedida, há dez anos resolveu abraçar o mundo com seus textos e mostrá-lo pra gente desse jeito. Desde então publicou 4 livros, o ItGirls (“atualmente na 4a tiragem”), cujo blog (clique aqui) mudou o cenário cibernético nacional no quesito inspiração e universo feminino, Coisas que só uma mulher entende, Emprego dos Sonhos e Guia NY para principiantes, esses três em formato e-book.
A carioca Alessandra Garattoni, ou Ale como ela prefere (colocar-se pelo apelido é tão aproximador, não acham?), é um daqueles exemplos inspiradores das multifaces e multi-desejos que as mulheres, hoje, expressam e vivenciam, se desdobrando em mil tarefas diferentes sem nunca se deixar de lado, como acessório. Ale tem um toque suave com as palavras, mesmo quando faz críticas ou nos chama atenção, sabe como poucas comunicar o feminino sem cair nos clichês e estereótipos de revista, mesmo que faça uso deles nas suas falas e inspirações. Aliás, seu inspirar o cotidiano foi o que me levou até ela. Sempre que ela atualiza o status na sua página do Facebook eu leio feliz, porque leio (quase sempre) alguém que, mesmo sem me conhecer, sem eu jamais ter visto, ecoa pensamentos tão semelhantes aos meus e fala coisas super positivas e honestas.

Nesse bate-papo cibernético, Ale me contou um pouco sobre suas inspirações, seu cotidiano, seu trabalho criativo, blogs (e blogueiras) e, claro, it girls! Inspirem-se!


Ale, não tem como começar um papo com você sem falar sobre ‘it assuntos’ e isso significa falar sobre inspirações! Há alguns anos você disse em entrevista que um dos motivos que te levou à criação do blog It Girls lá em fins de 2007 foi sua vontade de ler coisas que ninguém escrevia naquele momento. Hoje, seis anos depois, alguns livros depois, algumas (super!) conquistas depois, o que te inspira na sua escrita? Que ‘coisas’ te dão aquela ‘coceirinha criativa’?
É o maior clichê do mundo, mas a verdade é que TUDO me inspira! Eu sou muito curiosa e muito observadora, então passo 100% do meu dia absorvendo coisas de modo a depurá-las e transformá-las em possíveis inspirações. Coisas bonitas, gente inteligente, assuntos interessantes, tudo isso me dá uma coceirinha criativa, sempre!

Falando nisso, como é sua rotina de trabalho? Você tem algum ritual ou algo especial que faz antes de escrever ou não tem lá muito segredo nisso?
 Não tenho nenhuma rotina, mas isso é algo que eu pretendo mudar em breve! Não por ser exatamente uma fã da rotina, não sou, mas acredito que é preciso ter uma mínima programação fixa de tempo para que a produtividade flua de maneira satisfatória. Tenho uma bebê de 9 1/2 meses e desde o nascimento dela, ela é minha prioridade! Como optei por não ter babá, não consigo ter horários muito definidos para as minhas próprias atividades – conto com a ajuda das vovós e do papai para cuidar da minha pequena, mas meus horários é que precisam se ajustar aos deles, então cada dia é um dia! Quando ela entrar na pré-escolinha, no meio do ano, quero dedicar minhas tardes ao meu trabalho. Mas isso é para a produção em si, digamos assim. Para as ideias, os rascunhos, isso não tem hora! Tenho arquivos no Notes do meu celular que vou alimentando 24 horas por dia, a cada ideia que tenho!

Um escritor, por mais abrangente que seja, sempre pensa num leitor ideal, que muitas vezes acaba sendo ele mesmo ou um ‘tipo’ com o qual ele divida interesses e vontades. Quando você escreve você ainda se tem como leitora ideal (eu suspeito que sim pela leveza e honestidade dos seus textos) ou você consegue visualizar (também) seus leitores no sentido de encontrar temas que sejam interessantes a eles? Aliás, você acha que seus leitores ainda são na maioria meninas-mulheres ou essa coisa de gênero já foi equilibrada e você também recebe feedback de meninos-homens?
 Já tem bastante tempo que escrevo, estreei meu primeiro blog em 2004 e desde então nunca deixei de publicar. Mas tenho em mente que quanto mais se pensa que alguém vai ler o que você escreveu, mais você bloqueia sua real criatividade. Tento e me policio ao máximo para continuar como aquela iniciante, que escrevia para meia dúzia de pessoas e sempre "esqueço" que alguém vai de fato ler meus livros, minhas matérias em revistas e meus posts. Mas com o tempo aprendi também que, quando se escreve para um público minimamente grande, é preciso ter a responsabilidade redobrada. Não dá pra entrar naquele ditado que diz "sou responsável pelo que eu digo, não pelo que você entende". Sou responsável, SIM, pelo que as pessoas podem vir a entender! E nem sempre interpretação de texto é um forte de todo mundo que te lê. Então tento ser mais cuidadosa a cada texto e sempre tento antecipar todo e qualquer possível mal entendido, toda e qualquer possibilidade de má interpretação. Quanto mais claro e detalhado um texto, no sentido de já rebater antes o mal entendido que poderá nascer, melhor para o autor, melhor para os leitores!
[Eu, Gabi, preciso só dizer o quanto essa resposta me deixou feliz! Responsabilidade sobre o que se escreve é fundamental não só por respeito ao público, mas a si mesmo!]

Trazer pra um espaço de diálogo, que no fundo é o que são os blogs, a ideia da ‘it girl’ foi um passo quase mágico dentro das plataformas digitais brasileiras lá em 2007, porque isso de certa forma democratizou o encantamento e a inspiração que as ‘it girls’ podem oferecer seja como for. O tempo passou e muita coisa mudou desde então, especialmente com o ‘boom de blogs’ e a ideia de que ser ‘blogueira’ deixou de ser sinônimo de ‘ter um hobby’ pra se tornar profissão, o que muitas fazem muitíssimo bem! (aqui acho que você concorda comigo, não?) Você diria que por trás de toda blogueira existe uma ‘it girl’ ou a vontade de se tornar/ser uma? Pensando em blogueiras, porque você acha que existe esse encantamento ou desejo tão grande de se colocar num blog e mostrar pro mundo seu jeito de enxergá-lo?
 Desde que o mundo é mundo, qualquer profissão ou área que viva um boom positivo com alguns exemplos muito bem-sucedidos atrai atenção e desejo. Eu sou de uma geração na qual o sonho das meninas era ser paquita – e eu, no auge da minha maturidade dos nove anos, chorava por não ser loira como as paquitas!! A pauta da vez é o blog, é como meia dúzia de meninas conseguiu transformar – com um enorme e indiscutível mérito próprio – esse mercado em algo, de fato, milionário. O encantamento é normal, mas é passageiro. Como em qualquer mercado, pouquíssimas chegam ao tal topo. E com a rapidez dos tempos atuais, logo, logo, teremos uma nova área-desejo! Por trás de 90% das blogueiras atuais existe, sim, o sonho de ser uma it girl que tem ganhos na casa de seis dígitos/mês. Mas é um sonho irreal pra maioria, infelizmente. Mas há também os outros 10%, que escrevem por real paixão, por real vocação. Esses sempre vão existir. Me encaixo aí: com ou sem retorno financeiro, não consigo parar de escrever e compartilhar minhas ideias e meus pensamentos!

Pelas entrevistas que vi, sempre te fazem perguntas associando as ‘it girls’ ao consumo e a um universo de glamour e você gosta de enfatizar que não precisa ser ‘milionária’ pra ser ‘it girl’ – e eu super concordo! Você se incomodaria se eu te repetisse esse tema? Não tem muito como negar que moda e consumo andam de mãos dadas, seja o consumo excessivo ou o sazonal, como você vê essa relação? Digo isso por ver que ‘it girls’ se tornaram mais e mais referências de comportamento e estilo.
É uma ideia estereotipada, normal que exista! Mas a it girl é a menina carismática, que inspira. E isso existe em todos os universos socio-econômicos!

Brincando um pouco com a questão da maturidade, você diria que as ‘it girls’ se tornaram ou se tornam ‘it women’? Ou a ideia da ‘it girl’ não tem marca de tempo e não precisa de creme ‘anti-rugas’?
Uma menina inspiradora sempre será uma mulher inspiradora! Mas mudam as perspectivas, os pontos de vista, as prioridades... a it girl é, até pelo conceito da palavra (girl!), uma menina! 

Além de escrever você também dá palestras, certo? Qual o tema delas normalmente? Seria meio absurdo perguntar se você prefere conversar ‘escrevendo ou falando’? Digo isso por ver que muita gente que escreve e se mostra super à vontade com seus leitores muitas vezes se mostra super tímida no diálogo ao vivo.
 Mais recentemente, o foco maior das palestras é a área de mercado de trabalho, talvez por conta do meu mais recente livro, Emprego dos Sonhos. Mas falo sobre qualquer assunto abordado na minha carreira e comecei a fazer isso lá atrás, quando ainda morava no Rio e nem sonhava em lançar o It, mas já participava de outros projetos. Amo falar para o público da mesma maneira que amo escrever, tenho igual naturalidade nas duas funções. Talvez prefira escrever, porque faço no meu tempo, no meu canto... mas não existe uma timidez pra falar em público! Posso até ser tímida em outras questões, posso ser reservada, mas me dê uma plateia e vai apitar a leonina que tenho dentro de mim!

Pra fechar, você poderia indicar um livro e um blog que ache pessoalmente inspiradores e dizer o porquê?
Tão difícil indicar apenas um livro! Mas vou indicar um dos mais recentes que li, amei e indico para todo mundo: "Roube Como Um Artista". Para blogs, gosto muito da estética do Into The Gloss e acho a Emily Weiss um exemplo profissional!





Imagem: Pagina oficial da Ale Garattoni no Facebook

Falabella

Bolsa / Bag: Falabella Shaggy Messenger, Stella McCartney


No momento só consigo usar minhas bolsas dessa forma. Alias, duas delas, as outras não funcionam assim, alças muito curtinhas. Tecnicamente essa também não deveria, mas achei que sim e adotei. Acho saudável reinventar o jeito de usar algumas coisas, parece que a gente acabou de comprar algo que, muitas vezes, já tem há tempos.

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My major crush for the past weeks: wearing my bags this way. I mean, only two of them, the others have tiny handles so it doesn’t work. Technically this Falabella Shaggy shouldn’t, but I love it so I do it. I think it’s so cool (and healthy) to reinvent the way we use our things, for me it’s almost like wearing a new piece, even if I’ve had it for ages.

15 February 2014

Keep an eye on it





Sobrancelha é um assunto que pode render muitas pautas, mas hoje estou passando rapidinho só pra dar uma micro-dica: Diorshow Brow Styler! Vocês devem estar cansados de saber que sou bastante básica no quesito maquiagem e prefiro um ar mais au naturel, mesmo que, pra isso, eu precise caprichar no corretivo ou no iluminador! (afinal au naturel é um conceito) Eu acho que essas escolhas são muito pessoais e, mais que isso, andam de mãos dadas com o nosso corpo. Eu não faço sobrancelhas, por exemplo, na verdade não preciso, elas já tem um formato bacana e são cheinhas na medida certa. Por outro lado, como não mexo nelas, sempre precisei de um bom lápis ou kit de sombras em pó pra corrigir uma ou outra falha.
Recentemente encontrei aquele que, pra mim, é o MELHOR lápis para sobrancelha que já usei (até o momento): o Diorshow Brow Styler. Minha cor é o Universal Brown, o tom é literalmente universal, conheço loiras bem clarinhas que o usam também. E a textura dele é levíssima, não tem como perceber os pontilhados ou o contorno, enfim, não precisa ser uma super expert no quesito pra brincar com ele! No Brasil vocês podem encontrá-lo no site ou numa das lojas físicas da Sephora. (clique aqui pra acessar o site) Aqui em Londres vocês o encontram nas grandes lojas de departamento ou nas Boots maiores. Vale muito o investimento, a durabilidade dele é incrível e o resultado mágico!

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Just passing by quickly for a quick-nice-tiny tip: Diorshow Brow Styler! You’re more than aware that I’m really basic when it comes to make up, I’m really into that au naturel look, even if that means that I have to take an extra care with the concealer illuminatrice primer! (after all au naturel is a concept). I guess our choices in this matter are intimately related to what our body tells us; it’s like a negotiation or, better, a conversation! I don’t do my eyebrows, for instance, their natural shape is nice and doesn’t actually require (ok, that sounded so academic) much treatment apart from a few touches to make it a bit fuller and even.

Recently I found the perfect eyebrow ‘styler’, the one I want to use for the rest of my life (so far): it’s the Diorshow Brow Styler. My colour is the Universal Brown, which is accurately universal (well done, Dior!) as I have really blond friends who use it too. The texture is amazing, very light, doesn’t stain or leave pieces as if it had a thicker consistency, it’s perfect for those who, like me, aren’t experts in the art of correcting eyebrow designs! Here in London you can find it in almost all big department stores, Boots and good pharmacies. Truly a great investment, as it lasts for ages and makes you feel in love with your mirror again, and again, and again…

13 February 2014

Quick tip: London calling, by Yasmin Sewell





Se você me segue no Instagram (@gabicavalheiro), viu que ano passado encontrei o amor da minha vida, quero dizer, dos meus cabelos, na figura do Jimo Salako, fundador do Salako Saloon, aqui em Londres. (clique aqui pra ver meu post sobre a experiência do hair styling dele) Quem me levou até ele foi a consultora de moda e musa do street style londrino Yasmin Sewell. [Momento tiete: trocamos ‘likes’ no Insta, hurray! Ok, de volta a sobriedade.]
A Harper’s Bazaar US publicou na sessão ‘Culture’ da sua plataforma online uma espécie de guia de viagem a Londres segundo as dicas de Yasmin, que, como boa moradora de East London, deu dicas super bacanas de lugares descolados e cheios de identidade londrina. Vale a lida! Clique aqui para conferir.

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If you follow me on Instagram (@gabicavalheiro) you might have noticed that last year I finally met the love of my life, I mean, of my hair personified by the amazing Jimo Salako, founder of Salako Saloon, here in London. (Click here to check my post about it). The responsible for making me aware of Jimo’s wonderful work is the fashion consultant and one of London’s street style muse YasminSewell. [Pause for my extremely annoying super fan moment: we’ve exchanged ‘likes’ on Instagram, hurray! Ok, back to sobriety.]

US Harper’s Bazaar recently posted a ‘city guide’ according to Yasmin’s eyes and, oh my, as an ‘East Ender’ she has some great insight into some really cool places, it’s truly worth it checking it up! Click here to access the story.




Image: Glamour Magazine UK

11 February 2014

Cufflinks / Abotoaduras






Hoje cedo estava no metrô a caminho da universidade e me encantei com um detalhe então resolvi correr pra cá pra dividir com vocês esse breve encantamento.
Estava sentada no meu canto e olhando ao redor. Sim, coisa constrangedora de se fazer por aqui se alguém te pega no pulo, já que ‘eye contact’ é um tanto incomum – já foi mais, confesso. De repente senta na minha frente uma mulher que me chamou atenção pelo andar meio esbaforido e pelo modo como ela jogou a bolsa no chão! Eu SEMPRE fico com cara de emoticon em choque (tipo essa :O) quando vejo alguém colocar bolsa de mão no chão do metrô, gente, é muita maldade! Ou muito desprendimento, podemos ver de outra forma, verdade. Mas ao olhar a tal mulher percebi que sempre que ela movia as mãos pra folear o jornal – na sessão de economia e negócios – alguma coisa me chamava a atenção nos seus pulsos. Eis que me deparo com uma das coisas mais delicadas e bacanas dos últimos dias no quesito street style: ela usava abotoaduras! Sabem aquelas pecinhas metálicas que os homens usam nas mangas das camisas? Pois é! Por aqui abotoaduras são peças que podem carregar uma baita personalidade, há lojas especializadas apenas nisso e elas podem ter os mais diversos designs, cores e tamanhos.
Não preciso dizer que fiquei super encantada com aquele detalhe, aquela sutileza que mudou totalmente minha percepção visual daquela mulher. Eu adoro gente com personalidade e criatividade sutis.. Mais que isso, gente que, como ela, sabe dosar e expressar isso no seu dia-a-dia. 

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Earlier today I was on the DLR (or tram, if you like) on my way to the university when I happily came across a delicate sartorial detail, one that seemed so nice that I simply had to come here to share that with you guys.

I was sitting by myself un-discretely observing people around me – yeah, very audacious, right? – when suddenly a woman sat down in a quick pace putting her handbag (a small colour block leather Coach) between her feet. THAT caught my attention and made me look at her immediately; every time I see people putting their handbags on the tube/tram floor I get one of those shocked emoticon faces (something like this :O). For me, that’s the biggest gesture one can make to signal ‘look at how detached I am from my material things’, anyways, still shocking to me. So there I was staring at her when I realized that every time she moved her hands to change the pages on the newspaper – the economy section – something made me look directly to her wrists. That’s when I saw one of the coolest things I’ve seen in the past weeks in terms of sartorial statements: she was wearing cufflinks!
I know there’s a thing about personalized and unique cufflinks around here as I’ve seen many men wearing them. But a woman, well, I must say that delicate, subtle detail made me think ‘she’s got a hell of a personality!’ and I mean that in a very good sense. I love people who are able to imprint their creativity and personality in their daily life, in the smallest details.



Images from my personal archive.